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Baseado em conto da renomada autora americana Ursula K Le Guin, o solo “Aqueles que deixam Omelas” estreia, dia 29 de novembro, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto/Sala Preta

Baseado em conto da renomada autora americana Ursula K Le Guin, o solo “Aqueles que deixam Omelas” estreia, dia 29 de novembro, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto/Sala Preta

É possível criar um mundo verdadeiramente justo? O que fazer quando cada movimento com esse objetivo parece gerar novas e desconhecidas injustiças? Esses questionamentos guiam o espetáculo “Aqueles que deixam Omelas”, solo narrativo baseado no conto homônimo da renomada autora americana Ursula K Le Guin (1929-2018), nunca publicado no Brasil. Com direção de João Maia P e atuação de João Pedro Zappa, a montagem, que estreia, dia 29 de novembro, no Espaço Municipal Sérgio Porto/Sala Preta, no Humaitá, se constrói a partir do encontro do espectador com o narrador da história, um viajante solitário. Desde que deixou Omelas, ele percorre o mundo contando a história desse lugar de nome exótico, desconhecido por todos. A peça ficará em cartaz, às sextas e sábados, às 19h, e aos domingos, às 18h, até 15 de dezembro.

Num primeiro momento, Omelas parece ser o lugar da utopia: solar, belo, alegre, livre. Mas, na verdade, ele esconde um segredo, uma feiura e tragédia quase distópicas. Ao revelar esse segredo, a sombra de Omelas aparece, tornando aquele lugar familiar a todos. O relato feito pelo viajante, em detalhes minuciosos, funciona como uma espécie de espelho, onde cada espectador ao se ver refletido, percebe que é parte integrante da distopia de Omelas. Talvez a narrativa do viajante tenha até um caráter de maldição, uma necessidade permanente de dividir com todos a sua própria perplexidade: “Se eu terei de viver para compreender isso que parece incompreensível, vocês também terão…”, diz o personagem para o público.

Com tom de fábula moral filosófica, a narrativa apresenta uma trama repleta de paradoxos: beleza e sofrimento, liberdade e opressão, justiça e injustiça, dor e prazer. O espectador se vê envolvido por um turbilhão de imagens e acontecimentos, que vão sendo narrados pelo viajante, e mediados por esse jogo de opostos incômodos. A história que está sendo contada, em alguma medida, pode ser a história de qualquer um que esteja ali sentado, ouvindo aquele curioso relato.

“O que é belo e profundo neste texto é que ele pode ser uma metáfora para diversas esferas da nossa vida, tanto questões íntimas quanto das nossas bolhas e também mundiais. O que é Omelas? É uma cidade fictícia ou a nossa realidade diária?”, observa o ator João Pedro Zappa. “Nossa ideia na peça é plantar uma indagação que possa gerar uma reflexão no espectador. E essa reflexão vai ser diferente para cada um”, completa.

Estreando na direção teatral, João Maia P constrói uma cena crua e direta apoiada no trabalho minucioso da construção de imagens poéticas feitas pelo ator-narrador, e por uma cenografia e um figurino minimalistas.  “A urgência de contar essa história no Brasil de hoje está ligada à necessidade de se pensar sobre como é complexa a estruturação de uma sociedade mais justa. A quebra da ilusão utópica como caminho para lidar com a turbidez da realidade da experiência social humana no mundo”, avalia o diretor.

João Pedro Zappa

João Pedro Zappa nasceu no Rio de Janeiro em 1988 e começou cedo a estudar teatro, no Tablado, onde permaneceu de 2002 a 2010 e na Faculdade da Cidade, onde ingressou no bacharelado em Teatro. No cinema, atuou em 14 longas-metragens e inúmeros curtas. Estes filmes lhe renderam prêmios e indicações nos maiores festivais de cinema do Brasil e do exterior. Em 2008, estreou seu primeiro longa, “Ressaca” (2009, Dir Bruno Vianna), pelo qual recebeu o prêmio de melhor ator no Festival-Cine-Esquema-Novo. Com o longa “Boa Sorte” (2014, Dir. Carolina Jabor), foi indicado ao Prêmio Guarani de melhor ator revelação. Em 2017, a cinebiografia “Gabriel e a Montanha” (Dir. Felipe Barbosa), que estreou com dois prêmios na Semana da Crítica em Cannes, lhe rendeu elogios nos meios de comunicação nacionais e internacionais, além da indicação como melhor ator no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, dentre outras indicações. Em 2021, ganhou o prémio de Melhor Interpretação por “Noites de Alface” (Dir. Zeca Ferreira) no 28º Festival de Cinema de Vitória. No streaming e na TV, atuou em séries e novelas como “Santos Dumont” (2019, em que dá vida ao icônico personagem título, originalmente para a HBO, agora disponível na TV Brasil), “Reality Z” (2020, Netflix), “Nos Tempos Do Imperador” (2021, TV Globo), “Betinho – No Fio da Navalha” (2023, Globoplay) e “Raul Seixas – Metamorfose Ambulante” (a lançar, Globoplay). No teatro, participou de dez peças profissionais e foi indicado em 2015 ao prêmio FITA de melhor ator por sua atuação na premiada peça “A importância de ser perfeito”, texto de Oscar Wilde.

 João Maia P

João Maia P é artista: poeta, performer, e profissional do teatro e do cinema. Formado em cinema pela PUC-Rio em 2011, João estreou seu primeiro longa, “XamãPunk”, na Mostra de Cinema de Tiradentes 2023 – Mostra Aurora. É também preparador de elenco, tendo trabalhado em séries como “Arcanjo Renegado – 2ª Temporada”, e “O Dono do Lar – 3ª temporada” (coach infantil). Ele dá aulas regulares no Rio e em São Paulo de uma técnica exclusiva no Brasil – o Parateatro de Antero Alli. João também faz performances onde pesquisa as interseções entre estados de percepção e paisagens sonoras, trabalho que desenvolveu ao lado de artistas como Machina Coletivo, Vincent Moon, Luisa Lemgruber dentre outros. Além disso, João já trabalhou extensivamente como assistente de direção de diretores teatrais renomados (Cristina Moura, Ernesto Piccolo, Adriana Maia, Emilio de Mello); e na área de cinema já fez assistência e pesquisa em documentários para nomes como Eduardo Coutinho e João Jardim.

Ficha técnica:

A partir do conto de Ursula K Le Guin

Serviço:

Aqueles que deixam Omelas

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