Em busca de expandir as atividades relacionadas ao vídeo mapping – técnica artística que consiste em adaptar imagens digitais a imensas superfícies físicas – a primeira edição do festival “Horizontes Digitais – Encontros Visuais” vai ocupar o Viaduto das Artes, um dos principais centros culturais da região do Barreiro, em Belo Horizonte. O evento é gratuito e acontece nos dias 15 e 16 de setembro, sábado e domingo, reunindo 12 artistas de BH e de outros estados do país, que vão elaborar projeções de mapping em tempo real nas construções no entorno, além de DJs que animarão os dois dias de festa.
Idealizado pelo artista visual Rafael Cançado, conhecido no meio como VJ Homem Gaiola, junto à produtora cultural Júlia Ho, a iniciativa acontece em parceria com a DarkLight Studio, empresa responsável por alguns dos maiores eventos de mapping do Brasil e do mundo. Entre os projetos da marca, estão empreitadas realizadas na capital mineira, como “Luzes da Liberdade” e “300 anos de Minas Gerais”, que iluminaram a Praça e o Palácio da Liberdade, até instalações de mapping em cartões-postais de cidades como Roma (Itália), Madrid (Espanha), Jerusalém (Israel) e Moscou (Rússia).
A inspiração para o “Horizontes Digitais” surgiu após duas edições do evento “Cerrado Mapping Festival”, realizadas em 2021 e 2022, em parceria com a DarkLight. A proposta surpreendeu o público com projeções de mapping inseridas em paisagens estonteantes no coração do cerrado mineiro, criando uma experiência visual imersiva na pacata Vila de Santa Bárbara, na cidade de Augusto de Lima, no Norte de Minas. Esse foi o gatilho para levar o vídeo mapping para regiões descentralizadas e periféricas de grandes capitais.
“Assim como aconteceu com o ‘Cerrado Mapping Festival’, a proposta do evento no Barreiro busca descentralizar essas ações, levando a expressão artística do vídeo mapping para uma área que muitas vezes não é contemplada por eventos desse tipo. Isso não apenas democratiza o acesso à cultura e à tecnologia, mas também enriquece essas outras regiões com experiências criativas e inovadoras, contribuindo para o enriquecimento cultural e social dessas áreas”, diz Júlia Ho, produtora do festival.
Mapping no Barreiro
No Barreiro, a ideia é que os artistas possam criar livremente nas construções do entorno do Viaduto das Artes, equipamento de cultura multidisciplinar com 1.000 m², composto por galeria de arte, biblioteca, espaços formativos e expositivos, localizado estrategicamente abaixo do viaduto Engenheiro Andrade Pinto – área transformada em ponto de encontro de manifestações culturais dos bairros da região.
Em uma paisagem tão peculiar e afetiva para os moradores, as projeções em mapping vão promover diálogos e conexões com a segunda região mais movimentada de Belo Horizonte, cuja concentração soma mais de 300 mil pessoas e milhares de comércios – e, infelizmente, é acometida dos problemas sociais e estruturais que reforçam as exclusões e tensões às quais as periferias brasileiras são submetidas.
“Haverá, por um lado, a intenção de que as criações dialoguem com o Viaduto das Artes, um ícone no Barreiro, e com a cultura local. Dessa forma, pretende-se homenagear e integrar aspectos relevantes da região nas projeções, criando uma conexão autêntica com o entorno. No entanto, o evento também valoriza a liberdade artística e a criatividade dos artistas. Eles terão a oportunidade de explorar variedades de temas e perspectivas, permitindo uma expressão verdadeiramente individual e inovadora”, explica Júlia Ho.
Entre as técnicas apresentadas no Viaduto das Artes, está o mapeamento texturizado, que projeta imagens sobre superfícies tridimensionais, incorporando elementos digitais que possam ser alinhados e acrescidos às características originais de prédios ou grandes esculturas públicas. Outro método carimbado por alguns artistas é o laser mapping, no qual feixes de luz são programados para criar efeitos visuais que podem ser sincronizados com músicas, por exemplo. “São técnicas que proporcionam experiências imersivas para o público. Com a combinação de projeção mapeada e técnicas de laser, o evento promete oferecer uma experiência audiovisual única no Viaduto das Artes”, completa Júlia Ho.
Artistas convidados
Entre os nomes que compõem a programação, estão três pratas da casa de Belo Horizonte: VJ Lucas Fix, VJ Pânico e VJ1impar. Outros nove VJs desembarcam de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, a exemplo de Letícia Pantoja (SP), uma das mulheres pioneiras no ofício de VJ no Brasil. Com 15 anos de carreira, a artista tem a característica de misturar cinema ao vivo, mapeamento de vídeo e instalações interativas, tendo trabalhado em grandes festivais de música, como Rock in Rio e Lollapalooza; além de ter realizado o Mapping do Cristo Redentor, as exposições interativas de Michelangelo e Frida Kahlo, e projeções em mapping de shows de artistas como Anitta, Elza Soares e Marina Sena.
Outro nome de destaque na cena nacional é Vini Fabretti (RJ), designer dedicado à atuação em televisão, que integrou por mais de dez anos o Núcleo de Efeitos Especiais da Rede Globo. Neste ano, o artista venceu o concurso do “Live Mapping Contest”, na Alemanha, e tem levado seu trabalho para vários países da Europa. Entre os destaques, o carioca tem projetos de mapping realizados em Portugal, na celebração de inclusão da cidade de Alentejo como patrimônio mundial pela Unesco; no Soundstorm Music Festival, na Arábia Saudita; e no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
Em dois dias de programação, o festival “Horizontes Digitais” acontece entre 19h e 1h, com discotecagens em diálogo orgânico com as projeções de mapping. No sábado, o som fica por conta dos DJs Manel Beats, Ragazzi, Kabulom e Fill. No domingo, é a vez dos DJs Pooh e Pat Manoese, além de uma atração surpresa.
SERVIÇO | “1º HORIZONTES DIGITAIS – ENCONTROS VISUAIS”
Quando. Dias 15 e 16 de setembro, sábado e domingo, das 19h às 01h
Onde. Viaduto das Artes (Avenida Olinto Meireles, 45 – Barreiro)
Quanto. Entrada gratuita
Mais. Acesse a página do festival no Instagram