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Como Machado de Assis antecipou conceitos de Freud, revela novo livro

Pesquisador mostra em novo livro que Machado de Assis antecipou conceitos psicanalíticos de Freud, explorando o inconsciente pela literatura.

Machado e Freud: um diálogo além do tempo

Antes de Freud, já havia Machado. O pesquisador Adelmo Marcos Rossi revela em O Imortal Machado de Assis – Autor de Si Mesmo que diversos conceitos psicanalíticos, atribuídos ao criador da psicanálise, já estavam presentes — ainda que sob outros nomes — na obra do escritor brasileiro.

Com ironia, profundidade e olhar crítico, Machado de Assis analisou a sociedade e a mente humana com tamanha precisão que, sem saber, antecipou ideias fundamentais da psicologia moderna. Autodidata e com acesso restrito à educação formal, o autor carioca construiu, por meio da literatura, uma verdadeira psicologia conceitual — décadas antes de Freud.


Narcisismo e “cura pela fala” nas entrelinhas machadianas

Em mais de 450 páginas, o livro de Rossi examina a extensa obra machadiana — romances, contos, poemas e peças — e demonstra como conceitos psicanalíticos surgem em seu vocabulário literário.

Segundo o autor, Machado tomou o narcisismo como eixo central já em seu primeiro conto, Três Tesouros Perdidos (1858), escrito aos 19 anos. A noção freudiana de “cura pela fala” aparece disfarçada no princípio em latim “Similia similibus curantur” (“o mesmo se trata com o mesmo”), antecipando o valor terapêutico da palavra.

Enquanto Freud buscava, em 1914, a “imortalidade do Eu”, Machado já havia percebido o narcisismo estrutural como ponto de partida da condição humana. “Freud dirá que a literatura é superior à ciência na busca da alma, e Machado já sabia disso sem jamais tê-lo lido”, observa Rossi.


Um espelho da mente humana

Logo nas primeiras páginas, o pesquisador estabelece um paralelo entre os termos machadianos e os freudianos — como amor de transferência, castração, recalque, chiste e inconsciente. A obra é composta por 24 capítulos independentes, permitindo leituras em qualquer ordem.

Para Rossi, “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881) exemplifica como Machado fundou uma psicologia literária, antecipando a psicanálise ao retratar os dilemas da mente por meio da ficção.

“Machado apresentou as tramas da psique humana não com instrumentos da ciência, mas com as ferramentas da arte”, explica o autor.


Sobre o autor

Foto: Divulgação

Adelmo Marcos Rossi é engenheiro civil (UFES, 1980), mestre em Ciência de Sistemas (Tóquio, 1990), psicólogo (UFES, 2010) e mestre em Filosofia (UFES, 2015). Dedica-se há quase 15 anos aos estudos do narcisismo e fundou o Grupo de Pesquisa do Narcisismo.

É também autor de A Cruel Filosofia do Narcisismo – Uma Interpretação do Sonho de Freud (2021). Sua nova obra aprofunda as relações entre Machado e Freud, estabelecendo pontes entre literatura e psicanálise.


Ficha técnica

Título: O Imortal Machado de Assis – Autor de Si Mesmo
Autor: Adelmo Marcos Rossi
ISBN: 978-65-5389-082-4
Páginas: 456
Preço: R$ 120
Onde encontrar: Amazon

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