Em menos de um ano, Queimadas, no Norte da Bahia, registrou crimes brutais que expõem a grave realidade da violência de gênero no município. Em agosto, Rosimeire da Cruz, 28 anos, grávida de três meses, foi morta a tiros dentro de casa, na frente de uma das filhas. O principal suspeito é o companheiro, que está foragido. Meses antes, outra mulher foi assassinada a pedradas ao lado de sua residência, mais um caso de feminicídio que chocou a população.
Em meio a essa onda de violência, o vereador André Batista de Oliveira, conhecido como André de Maurinho, acumula denúncias de agressão contra mulheres e se mantém no cargo. Em 2023, foi acusado de agredir a ex-amante, em Santaluz. Também no mesmo ano, provocou lesões corporais na esposa. O que, levou à decisão judicial que determinou medida protetiva, afastamento imediato do lar e proibição de contato com as vítimas e familiares. A defesa nega as agressões.
A situação do parlamentar poderá ser decidida nesta quarta-feira (14), quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, julgará o processo que poderá decidir o seu futuro político. O caso diz respeito ao pedido de renúncia feito por André em 2023, numa tentativa de escapar da cassação do mandato em um processo por quebra de decoro parlamentar. A denúncia que originou o processo foi motivada justamente pelas acusações de agressão contra a amante e a esposa, fatos amplamente divulgados pela imprensa baiana.
O julgamento no TSE é visto como decisivo para definir se André poderá ou não disputar cargos públicos no futuro, além de decretar a perda do seu mandato. Para movimentos de defesa dos direitos das mulheres, a permanência de autoridades acusadas de violência de gênero no exercício de funções legislativas enfraquece a confiança nas instituições e transmite à sociedade um recado perigoso: a de que o poder pode servir como escudo para agressores.