A exposição, que coincide com a semana do aniversário do bairro de Jacarepaguá, será realizada de terça a sábado, das 9h às 17h. A entrada é gratuita, aberta a todos os interessados em explorar as interconexões entre história, cultura e identidade no contexto do Sertão Carioca.
![Exposição de Thiago Modesto celebra a identidade do Sertão Carioca 1 Exposição de Thiago Modesto celebra a identidade do Sertão Carioca](https://auroracultural.com/wp-content/uploads/2023/09/IMG_3288-1024x767.jpg)
As raízes da exposição vêm das memórias da infância do artista, permeadas por contos da sua família, que migrou de outros sertões do interior do estado do Rio de Janeiro para a Zona Oeste da cidade. “Minha infância foi recheada de contos e causos contados pela minha avó e da família reunida aos domingos ao redor de uma pilha de canas doces e risadas, nutrindo em mim uma saudade de um mundo rural que não vivenciei por mim, mas pelos olhos dos meus familiares”, compartilhou Thiago, carioca, designer e gravurista, estabelecido há mais de três décadas em Jacarepaguá. Revisitando essas memórias, as xilogravuras da mostra resgatam e celebram a identidade única desse território.
![Exposição de Thiago Modesto celebra a identidade do Sertão Carioca 2 Exposição de Thiago Modesto celebra a identidade do Sertão Carioca](https://auroracultural.com/wp-content/uploads/2023/09/Thiago-Modesto-–-Festa-2021_100x70cm-1024x727.jpg)
![Exposição de Thiago Modesto celebra a identidade do Sertão Carioca 3 Exposição de Thiago Modesto celebra a identidade do Sertão Carioca](https://auroracultural.com/wp-content/uploads/2023/09/Thiago-Modesto-–-Festa-2021_80x50cm-1024x645.jpg)
![Exposição de Thiago Modesto celebra a identidade do Sertão Carioca 4 Exposição de Thiago Modesto celebra a identidade do Sertão Carioca](https://auroracultural.com/wp-content/uploads/2023/09/Thiago-Modesto_mato-780x1024.jpg)
A expressão “Sertão Carioca” foi cunhada por Armando Magalhães Corrêa. Ele descreveu a vida sertaneja e a natureza da zona rural do Rio de Janeiro, da Baixada de Jacarepaguá até Pedra de Guaratiba. Esses artigos inspiraram o livro “O Sertão Carioca”, publicado em 1936. “Talvez pelo contexto da época, Magalhães acabou se deixando seduzir apenas pela fauna e flora, trazendo uma visão estrangeira e rasa principalmente sobre as religiões afro-brasileiras”, Thiago destaca. “Logo percebi que o que mais me interessava não eram apenas folhas, nascentes e pássaros, mas as pessoas que coabitavam essa paisagem com equilíbrio entre a natureza e tradição, mantendo sua cultura ancestral”, completa.
Hoje, a designação “Sertão Carioca” evoca um conceito simbólico que abrange as dimensões naturais, sociais e culturais da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Dentro desse território, persistem valores éticos, espirituais, simbólicos e afetivos que estão profundamente enraizados na relação com a terra.
“Foi durante um trabalho de pesquisa e convívio com outras comunidades do sertão carioca para o projeto do Afluentes Culturais, que me reconectei com aquelas histórias de infância e hábitos familiares que há algum tempo já haviam adormecido e isso foi uma grande fonte de inspiração para retratar aquilo que já florescia em mim”, ele conta.
Inspirado pelas potencialidades da região do maciço da Pedra Branca, ele desenvolveu a pesquisa com um olhar focado no “Sertão Carioca” de ontem e de hoje.
As obras para a exposição foram selecionadas em conjunto com o curador Bernardo Marques e a cenógrafa Thais Merçon. “Observando os trabalhos criados até agora, conseguimos traçar um paralelo muito semelhante entre as obras que contam a história da minha família e outras obras que retratam pessoas que conheci durante meu convívio no território denominado Sertão Carioca. A semelhança entre vivências tão distantes geograficamente e similares culturalmente nos saltou os olhos e a partir daí construímos a exposição baseada nas histórias da vida em comunidade e dos pequenos círculos familiares que habitam agora o mesmo território, a Zona Oeste”, ele explica.
Thiago viu diversos aspectos das tradições que vivenciou acabarem ao longo do tempo para dar lugar à modernidade.
“A vida na metrópole foi ditando seu ritmo em minha família e muitos dos hábitos do interior foram ficando apenas na minha infância. Nessa confusão toda e na mistura desses mundos distintos, existe também minha inquietação como artista visual e xilógrafo, além da minha própria história familiar. Então o termo para mim representa minha essência, me dá sensação de pertencimento e me permite continuar contando histórias que são tão comuns na nossa construção como carioca, porém que são deixadas de lado para dar lugar a uma visão estereotipada do Rio de Janeiro do sal e do sol”, conclui.
Além da exposição, Thiago Modesto oferecerá oficinas de xilogravura para todos os públicos interessados, concedendo uma oportunidade única de experimentar a técnica tradicional da xilogravura, explorando as raízes artísticas e culturais do sertão.
SERVIÇO
Local: Museu Bispo do Rosário de Arte contemporânea
Endereço: Edifício Sede da Colônia Juliano Moreira – Estr. Rodrigues Caldas, 3400 – Curicica, Rio de Janeiro
Data: 02/09 até 11/11/2023
Ingressos gratuitos