Muitas são as pesquisas que apontam o excesso de telas como prejudicial para a cognição e aprendizado. Sendo assim, a retirada dos celulares do ambiente escolar é uma medida que visa reduzir o impacto negativo das telas sobre os estudantes.
Mas não é a retirada do celular que garante uma cognição e aprendizado saudáveis. A Neuropsicopedagoga Clínica, referência em avaliação do perfil cognitivo e reestruturação cognitiva centrada na aprendizagem, Zilanda Souza, aponta evidências baseadas na neurociência para sinalizar que RETIRAR o celular sem IMPLANTAR um ambiente positivo para o aprendizado, tornará a medida pouco eficiente.

A especialista explica que as habilidades que envolvem a motivação, a atenção, o controle de impulsos, a organização, o planejamento e a manutenção de um autocuidado com a vida acadêmica, fazem parte de um sistema de autorregulação que amadurece ao longo da terceira infância e por toda a adolescência. Ou seja, os estudantes passam por toda a educação básica mantendo em seus cérebros redes vulneráveis e altamente receptíveis a estímulos.
E quais estímulos eles vêm recebendo? Para sermos assertivos com a aprendizagem dos estudantes precisamos ser assertivos com o ambiente de ensino que preparamos para eles. O ambiente e manejo dos adultos, segundo Russell Barkley, funcionam como ferramenta de heterorregulação.
Ambientes que não desafiam, que não monitoram adequadamente, que não são recompensadores, que não estabelecem vínculo e que não dão previsibilidade e feedback para os estudantes, tendem a comprometer o aprendizado.

Um adolescente que vivencia as aulas regulares por meio da escuta do professor, projeção de slides e exercícios no livro, tende a desenvolver um comportamento passivo em relação ao próprio aprendizado. Esse tipo de ambiente não aciona o funcionamento executivo de forma assertiva, e “impede” a cognição de se prontificar no gerenciamento de processos, criar expectativas, hipóteses e a aguardar o feedback da sua produção.
Ativar o funcionamento executivo é ativar o protagonismo dos estudantes. Para isso, os profissionais da educação precisam revisitar seus métodos de ensino. É preciso colocar no palco da sala de aula o pensamento dos estudantes, é preciso estratégias de comparação e análise das descobertas. Metodologias que evidenciam a produção estudantil, tendem a auxiliar na regulação do engajamento e da atenção dos estudantes, provocando melhor retenção e evocação de memória. Professores que dão feedback pontual, instigando o rastreio do erro, melhoram a relação com seus alunos e ativam o engajamento dos mesmos.
Zilanda Souza, é fundadora da Escola da Cognição e é neuropsicopedagoga do INES – Instituto de Neurociência do Espírito Santo. Trabalhando com Autorregulação e Técnicas de Estudos, a especialista aponta evidências de que podemos estar formando estudantes sem habilidades de gerenciamento da informação e sem flexibilidade para transpor seus conhecimentos para o vestibular ou ENEM. Estudantes que não desenvolveram a autonomia do pensamento.

Não há dúvidas de que o excesso de telas é prejudicial e crianças e adolescentes não apresentam níveis de autorregulação satisfatórios para gerenciar o seu uso. Mas é preciso bem mais do que retirar. Precisamos implantar um ambiente estimulador e propício para ativar as habilidades cognitivas e socioemocionais dos nossos meninos e meninas.
Para saber mais como ela interage e produz conteúdo de alto padrão na área pelo instragram, siga-a no instagram: @escoladacognicao
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